Escolher quais equipamentos adquirir é talvez a parte mais complicada para alguém que esteja iniciando em astrofotografia. São muitas opções, para todos os bolsos, mas no fim das contas, o que mais irá definir as suas escolhas será o tipo de objeto a ser fotografado,  o grau de envolvimento que você terá com a atividade de astrofotografia e é, claro, seu orçamento. A seguir, antes de comentar sobre os meus equipamentos,  falo um pouco sobre as principais decisões a serem feitas antes de pensar em definir o equipamento que você irá adquirir.

 

 

DSLR ou CCD

 

Para fotografia de objetos de céu profundo há basicamente duas escolhas (embora os puristas só vejam as CCD´s como escolha possível). De um lado, as câmeras DSLR´s, que possuem a vantagem de serem mais baratas que as CCD´s, possuirem sensores relativamente grandes e com boa resolução, poderem ser usadas com lentes ou telescópios e serem relativamente simples de usar, em comparação com as CCD´s.  Do outro, as CCDs dedicadas à imagem astronômica, que possuem a grande vantagem de terem menor ruído que as DSLR´s, já que são refrigeradas a temperaturas próximas a zero celsius ou subzero. Além disso, com o uso de CCD´s monocromáticas, pode-se ingressar em técnicas de imagem mais avançadas, como a fotografia utilizando filtros de banda estreita, a mesma técnica utilizada por muitos observatórios profissionais para compor imagens espetaculares de objetos celestes. As câmeras DSLR´s mais utilizadas são os modelos da Canon. Embora câmeras Nikon possam igualmente ser utilizadas, as câmeras da Canon são geralmente preferidas, em especial porquê as da Nikon não adquirem arquivos raw verdadeiros ( e este formato é geralmente aquele utilizado no pós-processamento das imagens), utilizando o chamado "mode 3", que é um filtro, aplicado a cada imagem, antes do arquivo raw ser registrado. Para um detalhamento das  características mais importantes de vários modelos de câmeras DSLR, e uma discussão sobre Canon versus Nikon para astrofotografia clique aqui.

 

LENTES OU TELESCÓPIOS

 

Uma outra escolha que provavelmente irá precisar ser feita é entre o uso de telescópios ou lentes fotográficas. Para quem utiliza DSLR´s, utilizar as objetivas que normalmente já são utilizadas para fotografia convencional é uma escolha natural. Existem uma infinidade de lentes de diferentes distâncias focais e aberturas, de lentes de campo aberto (inluindo lentes olho de peixe) à teleobjetivas. Lentes para astrofotografia precisam ser rápidas (baixa razão focal) e com boa correção cromática. E em fotografia (como em quase tudo), você obtém aquilo que paga, ou seja, "there is no free lunch". Lentes muito boas são também muito caras. Há alternativas, como comprar lentes que já ficaram obsoletas em termos de modelo de baioneta, mas com boa qualidade óptica, e utilizar adaptadores, mas se você considerar apenas as lentes atuais, esteja preparado para comprar lentes de qualidade se deseja resultados com qualidade. Se você decidir por utilizar lentes apenas, há ainda a escolha de lentes para grande campo (para nebulosas e outros objetos extensos) ou teleobjetivas (para objetos como galáxias por exemplo). Para quem usa CCD´s também há a possibilidade de utilizar lentes (com um adaptador como este), mas geralmente são utilizados telescópios com a CCD em foco primário.

 

 

MONTAGEM EQUATORIAL / SISTEMA DE ACOMPANHAMENTO

 

A terra gira em torno de seu eixo. Este fato para nós, na maioria das vezes imperceptível, fica bastante tangível quando estamos tentando fotografar objetos no céu, pois resulta em um movimento aparente das estrelas e qualquer outro objeto celeste. Quando fotografamos o céu com lentes fotográficas normais (por exemplo 50mm) com a câmera em tripé fixo, este movimento só se torna perceptível nas imagens (com as estrelas aparecendo como riscos, ao invés de pontos) com exposições em torno de 15 segundos, mas com uma tele de 200mm este efeito já é perceptível com 3 segundos de exposição. Com telescópios de maior distância focal, este movimento aparente é tão ampliado, que não é possível fotografar sem um sistema que acompanhe o movimento aparente das estrelas.

 

AUTOGUIAGEM

 

Mesmo com uma montagem equatorial com elevado grau de precisão no acompanhamento e com uma usinagem mecânica de precisão para suas engrenagens, qualquer peça mecânica possui defeitos, mesmo que em grau muito pequeno. Este defeito, chamado de erro periódico, aparece em exposições de longa duração alongando o formato das estrelas que passam a não ser mais puntiformes, mas oblongas. Para corrigir erros de acompanhamento como erros periódicos e outros erros de acompanhamento (decorrentes do efeito do vento por exemplo), o recurso de autoguiagem é fundamental. Neste caso, geralmente usa-se uma segunda câmera para monitorar o deslocamento de um estrela de guiagem no campo de visão desta câmera e um software envia sinais de correção à montagem equatorial na direção oposta ao deslocamento da estrela de guiagem, mantendo assim o acompanhamento perfeito durante toda a exposição fotográfica.

 

MEUS EQUIPAMENTOS ATUAIS

 

Setup 1. Para fotografia de Objetos de céu profundo, pequeno campo.

Telescópio/Lente: Refletor Ritchey-Chrétien 8 polegadas (Astrotech) (f/8)

Montagem equatorial: Orion Atlas, EQ-G com pier de extensão.

Telescópio de guiagem: Orion short tube 80mm montado em piggyback no trilho do ritchey-chrétien com anéis losmandy.

Câmera de guiagem: Orion Starshoot autoguider

Câmera de Imagem: Canon T3i modificada (Filtro Astrodon AD40D).

Flatenner (opcional): Astrophysics CCDT67, 0,67x CCD reducer/flattener

Buscadora: Stellarvue 7 x 50mm, com retículo iluminado

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Setup 2. Para fotografia de Objetos de céu profundo, grande campo, com autoguiagem (longas exposições).

Telescópio/Lente: Refrator apocromático William Optics Megrez 90mm (f/6.2)

Montagem equatorial: Orion Atlas, EQ-G

Telescópio de guiagem: Orion short tube 80mm montado em piggyback no berço do Megrez 90 com anéis Losmandy.

Câmera de guiagem: Orion Starshoot autoguider

Câmera de Imagem: Canon T3i modificada (Filtro Astrodon AD40D).

Flatenner (opcional): Televue TRF-2008.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Setup 3. Para fotografia de Objetos de céu profundo, ultra grande campo, com autoguiagem (longas exposições).

Telescópio/Lente: Canon EF 200mm, f/2.8

Montagem equatorial: Orion Atlas, EQ-G

Telescópio de guiagem: Orion short tube 80mm montado lado a lado com a câmera Canon T3i, através de um dovetail e anéis losmandy.

Câmera de guiagem: Orion Starshoot autoguider

Câmera de Imagem: Canon T3i modificada (Filtro Astrodon AD40D).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Setup 4. Setup portátil, para fotografia de Objetos de céu profundo, sem autoguiagem (exposições curtas).

Telescópio/Lente: Canon EF 200mm, f/2.8 ou Refrator apocromático Megrez 90mm f/6.2

Montagem equatorial: Orion Astroview, com kit de motorização em ascensão reta e declinação

Câmera de Imagem: Canon T3i modificada (Filtro Astrodon AD40D).